Estampado em camisas pretas se lia os dizeres “Se é público, é para todos”, na manifestação que bancários e bancárias realizaram na manhã desta sexta-feira (09/12), em frente à agência do Banco do Brasil, na Av. União, zona Norte de Teresina, em protesto contra a reestruturação anunciada pela direção do banco no mês de novembro, e que no Piauí fechará três agências na capital e reduzirá a postos de atendimento outras quatro agências no interior do Estado. Contra esse processo, o Sindicato dos Bancários do Piauí (SEEBF-PI) convocou a manifestação que contou com a participação de bancários da agência que será fechada, além de trabalhadores de outros bancos, estudantes e integrantes de movimentos sociais.

O fechamento da agência BB União representa uma grande perda para toda a população da zona Norte da capital, que hoje atende há mais de 40 bairros, o que causa um sentimento de indignação nos clientes daquela região. “A gente vê isso com grande pesar, porque somos uma comunidade muito grande. Essa é a agência mais próxima da zona norte, a mais distante do centro. Aqui é praticamente uma grande cidade dentro de Teresina, são em torno de 46 bairros no entorno que utilizam essa agência. Quando essa agência veio para cá facilitou muito, principalmente pela acessibilidade a pessoas idosas para receber seus benefícios. A gente recebe essa notícia com grande indignação. A gente quer um serviço de melhor qualidade e infelizmente a gente recebe essa notícia. A gente quer pedir que seja revisto isso, que seja repensando, que a gente possa ter a nossa agência, que ela possa continuar”, desabafou o cliente Roberto Oliveira.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Surpresa e tristeza de funcionários

A reestruturação anunciada pegou todos de surpresa e o clima é de tristeza e incerteza, como relatou a bancária Célia Saboia, escriturária da agência que será fechada. “A gente fica muito triste e sente muito por isso, porque a gente começou essa agência, uma agência nova que vai fazer três anos. A gente batalhou dia-a-dia pela clientela e sentimos a carência da comunidade, que é uma população grande nas proximidades e todos estão reclamando, falando em fazer abaixo-assinado. É tudo muito incerto, não sabemos quando vai fechar, não sabemos pra onde vamos. Como a gente uma boa relação de amizade aqui, a gente sempre tenta apoiar um ao outro”, disse Célia. Já o bancário Francisco, também da mesma agência, lamentou o fechamento, já que ela atende a uma região periférica e necessitada dos serviços bancários. “Essa é a agência mais periférica que tem em Teresina, de uma região muito grande, a mais próxima é a do bairro Marquês, que já é superlotada e a tendência é aumentar mais. Você pode vir todo dia que vai ver a agência sempre lotada, não é todo mundo que está acostumado a lidar com celular, e também não se faz toda operação. Essa manifestação é importante e temos que reivindicar, tentar ao máximo reverter e vamos tentar”.

Além de bancários, estudantes e outros profissionais se juntaram ao movimento, fortalecendo a defesa do banco enquanto empresa pública. O estudante Samuel Carvalho manifestou sua preocupação com as medidas do atual governo que ameaçam o verdadeiro desenvolvimento do país. “É perceptível que a partir de atos como esse mostra que nós, cidadãos, temos que participar e lutar contra isso, pois a cada momento percebemos que eles fazem o que bem entendem, sem levar em consideração o que os cidadãos pensam. Eu sou um estudante, tenho 18 anos, e vejo que se nós nos juntarmos por um bem maior, a gente pode combater essa corrupção que acaba com nossos sonhos e nossos direitos. Atos como esse, de fechar agências, acabam com direitos da população, onde vamos chegar?”, disse. Para a professora e socióloga Fabíola Lemos, que apoiou a manifestação, o governo usa a crise como argumento para um vale tudo em que sempre quem sofre é a população mais pobre, com arrocho salarial, retirada de direitos e garantias, e que o sucateamento dos bancos é um argumento para a privatização e defendeu a união da classes nesse momento. “Todas as categorias devem se empenhar nesse momento, professores, servidores públicos, bancários, é o momento em que o país está vivendo, claramente, um estado de exceção e se a sociedade não se organizar eles vão até as últimas consequências e nós não podemos ficar de braços cruzados, temos que dá total apoio a todo movimento de resistência”, pontuou.

 

A manifestação

Durante a manifestação o dirigente da Contraf-CUT, Marcos Vandaí, enfatizou a importância da agência para a comunidade, que será extinta por determinação do governo Temer, “um governo sem compromisso com a sociedade”. Já o presidente do Sindicato dos Bancários do Piauí, Arimatea Passos, destacou a missão social que o Banco do Brasil tem e frisou a importância de cada agência que será fechada ou reduzida a posto de atendimento, que será extinta por um governo sem compromisso com o povo, que em apenas seis meses tem feito um desmonte das empresas públicas. O presidente denunciou o que está acontecendo no banco e no país. “A gente é contra essas medidas que o BB está fazendo e sabemos que a ordem vem de cima, de um governo ilegítimo que não tem um projeto de governo, tem um projeto de redução do estado, e do jeito que a coisa anda possivelmente nós vamos entrar na maior recessão desse país. O movimento sindical e o país inteiro reprovaram esses medidas implantadas pelo Banco do Brasil. Eu torço que a sociedade possa acordar antes que seja tarde”.

Arimatea Passos destacou ainda o empenho do Sindicato que realizou plantão jurídico no último feriado e das viagens e reuniões nas regionais para esclarecimentos aos empregados, e orienta que se pense com bastante cautela antes de tomar qualquer decisão.  



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