A Caixa Econômica Federal anunciou nesta quinta-feira (12) os resultados do primeiro trimestre de 2021. O banco obteve um lucro de R$ 4,6 bilhões no período, crescimento de 50,3% em relação aos três primeiros meses de 2020, alcançando uma rentabilidade (retorno sobre o patrimônio líquido – ROE) de 16,33%.

Além dos números do balanço, durante a apresentação dos resultados, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, destacou, em diversos momentos, que são realizados 40 milhões de pagamentos do Auxílio Emergencial por mês. Somente em programas sociais o banco pagou R$ 384,8 bilhões, em benefício de 121,3 milhões de pessoas.

A apresentação também destacou a redução de 80% nos juros para Santas Casas e hospitais filantrópicos, a concessão de R$ 55 bilhões de crédito para mais de 300 mil pequenas e microempresas, além de R$ 654 milhões para 703,3 mil mulheres microempreendedoras e o financiamento de mais de 1,2 milhão de unidades habitacionais para a população de baixa renda. A Caixa também investiu mais de R$ 150 milhões na preservação de mais de 3 milhões de hectares de parques e florestas.

“A Caixa é realmente um banco extraordinário! Ela consegue obter tamanho lucro, mesmo diante da enorme crise que estamos vendo no país, sem se esconder de sua responsabilidade social, como fizeram os bancos privados. Ou seja, lucra, ajuda a população e o país a se desenvolver”, ressaltou a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, que também é secretária de Cultura da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). “Mas, se a Caixa consegue obter tamanho lucro e ainda dá tamanha contribuição ao país, por que o governo está a fatiando para vendê-la a troco de bananas?”, questionou a representante dos empregados ao lembrar da recente abertura de capitais (IPO) da Caixa Seguridade, também citada por Pedro Guimarães durante a apresentação dos resultados.

Neste primeiro trimestre, a Caixa obteve uma receita de R$ 206 milhões com seguros, alta de 376,3% em relação ao mesmo período de 2020 e de 176,5% em relação ao trimestre anterior. “É uma área do banco altamente lucrativa e em crescimento que está sendo dada de mão-beijada à iniciativa privada”, disse Fabiana.

A coordenadora da CEE/Caixa lembrou, ainda, que parte da arrecadação da Caixa é destinada para a realização de programas sociais em diversas áreas. “Durante a pandemia, todos pudemos ver a importância da Caixa para o atendimento das necessidades sociais da população. Mas, esta é apenas a ponta do iceberg. Muitas vezes passam despercebidos os investimentos que a Caixa proporciona para projetos nas áreas da educação, cultura e esportes. Projetos que garantem a construção da moradia para as pessoas”, afirmou. “Querer tirar da Caixa áreas altamente lucrativas, como a Caixa Seguridade e a Caixa Cartões, é comprometer investimentos estatais nestas áreas. Alguém, em sã consciência, já imaginou como seria o Brasil sem os investimentos da Caixa na área habitacional?”, completou.

Massacre aos responsáveis

Fabiana também destacou as condições de trabalho degradantes dos empregados. “Não seria nem preciso informar que entre o final de março de 2020 para o final de março deste ano houve um estrondoso aumento de mais de 115 milhões de contas na Caixa. Basta lembrarmos das imagens das imensas filas que se formaram nos entornos das agências, divulgadas pelos mais diversos veículos de comunicação do país e até do mundo. O resultado disso foi o aumento da sobrecarga de trabalho que já estava desgastante para os empregados”, disse. “O maior absurdo é ver o presidente da Caixa se gabar que contratará até o fim do ano 2.766 novos empregados, sendo que precisamos de muito mais para atender a demanda. Ele deveria anunciar quantos bancários estão afastados por depressão, ansiedade, burnout e outras síndromes devido ao assédio absurdo imposto devido às metas desumanas”, disse. “E as contratações somente estão acontecendo primeiro porque é uma pauta nossa e segundo porque a Justiça manteve, a nosso pedido, a validade do concurso de 2014, em cumprimento do ACT (Acordo Coletivo de Trabalho) daquele ano”, acrescentou.

No balanço apresentado no início da tarde desta quarta-feira, o banco anunciou a contratação de 7.704 “colaboradores”, sendo 2.766 empregados. Os demais são estagiários (1.162) e trabalhadores terceirizados (2.320 vigilantes e 1.456 recepcionistas).

Nesta semana, a representação dos empregados se reuniu com o banco para cobrar uma série de reivindicações, entre elas a contratação de mais empregados e o pagamento do restante da PLR Social, que foi paga a menor do que prevê o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). “Na reunião, os representantes do banco tiveram a coragem de falar que o pagamento da PLR Social a menor foi em reconhecimento pelo trabalho realizado pelos empregados no pagamento do auxílio emergencial”, disse indignada a coordenadora da CEE.

Outra reivindicação apresentada na reunião não atendida pela Caixa é o aumento das ações de prevenção ao contágio e propagação do novo coronavírus. “Assim como os médicos, enfermeiros, lixeiros, caixas de supermercados e motoboys, os empregados da Caixa colocaram suas vidas e de seus familiares em risco para atender as necessidades da população. As reportagens sobre as filas costumam falar sobre o sofrimento do povo nas filas, mas não lembram que na outra ponta da fila estão os bancários, que estão sobrecarregados por causa da má gestão e do descompromisso e irresponsabilidade com a saúde e condições de trabalho dos empregados, que trabalharam, inclusive nos feriados e finais de semana para atender a população”, disse. “E o ‘reconhecimento’ por estes serviços prestados à população é a acusação de sermos ‘vagabundos’, ‘lerdos’, de trabalharmos com ‘má vontade’ e ainda não receber o valor correto, estabelecido no nosso ACT, da PLR Social”, desabafou.
 

 

Fonte: Contraf



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