OMS classifica Síndrome de Burnout como doença ocupacional
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A classificação da síndrome de Burnout como doença ocupacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com a CID 11, é uma conquista importante na proteção à saúde do trabalhador e trabalhadora. A nova classificação entrou em vigor em janeiro de 2022, e pode gerar um novo olhar na proteção à saúde dos trabalhadores e trabalhadoras, além da responsabilização dos empregadores quando o adoecimento for comprovadamente relacionado ao ambiente de trabalho.
O presidente em exercício do Sindicato dos Bancários do Piauí, Gilberto Soares, afirma que esse reconhecimento é uma vitória da classe trabalhadora, e que no setor bancário os índices de adoecimento são crescentes.
“A nova classificação da síndrome de Burnout pela OMS, como doença ocupacional, é uma grande vitória para os trabalhadores, em especial a categoria bancária, uma das mais afetadas pela doença. No setor bancário, os números de profissionais afetados e afastados do trabalho por motivo de esgotamento atingem números alarmantes e preocupantes. A pressão excessiva por metas, as ameaças de desemprego, perda de função/comissão e a sobrecarga de trabalho são os principais fatores para os altos números que vêm se observando no setor bancário de diagnósticos com a doença”, disse Gilberto Soares.
O diretor Jurídico do SEEBF/PI, Thiago Soares, também vê a mudança como uma vitória da classe trabalhadora, e ressalta que esse é um tema que deve ser lavado para a campanha nacional da categoria. “Como esse é um ano de campanha salarial, de renovação do acordo de trabalho, eu acredito que esse deve ser um tema colocado na mesa de medidas preventivas. Infelizmente isso não vem sendo trabalhado pelos bancos. E tem que ser trabalhado, colocado na mesa no próximo acordo de trabalho, de forma que a gente possa evitar que esse problema se alastre”, disse Thiago Soares.
A advogada do SEEBF/PI, Luciana Castelo Branco, comenta que a alteração ratifica o entendimento manifestado pelos tribunais e que os bancos precisam se preocupar mais com a saúde de seus trabalhadores.
“Com a classificação da Síndrome de Burnout dada pela Organização Mundial de Saúde de ‘estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso’, só vem a ratificar o entendimento já manifestado pelos tribunais de que quando há a comprovação de que tal Síndrome teve origem na relação de trabalho gera indenização como forma de ‘compensa-la’. Diante disso, os bancos precisam estabelecer ações mais eficazes nas questões de saúde integral para diminuir os riscos do esgotamento e o estresse de seus empregados”, informou Luciana.
Manejo do Estresse
O psicólogo Ricardo Cruz ressalta a importância de se olhar as causas do burnout. “O burnout é um estresse não trabalhado, não tratado, ele não é simplesmente um excesso de trabalho, não é um cansaço de trabalho. O burnaout acomete pessoas perfeccionistas que fazem do trabalho uma missão de vida e que não vê resultado ou reconhecimento numa fase do adoecimento, não consegue realizar mais as tarefas às quais sempre se dedicava”, explica Ricardo Cruz.
Níveis de estresse que levam ao burnout
De onde vem?
A síndrome do burnout ou esgotamento profissional tem três elementos centrais: exaustão emocional, depersonalização e distanciamento do trabalho (que já apresenta características do esgotamento profissional). “A primeira questão é: de onde vem esse fenômeno? É desse modo de trabalho, modo de vida, um modo como o sujeito se relaciona com essa nova dinâmica social. A gestão das emoções é fundamental. É o primeiro passo”, disse Ricardo.
O que é?
A curva da fase do estresse é chamada de ‘modelo “quadrifásico” e é processual. De acordo com esse modelo a pessoa que entra num nível de estresse vai ter a fase de alerta, a fase de resistência, a fase de quase exaustão e a fase de exaustão. “É importante que as pessoas saibam que para cada fase dessas, há um tipo de intervenção em saúde. A exaustão é o caso mais crítico, onde já conseguimos identificar a depressão, o isolamento, incapacidade de produção de trabalho, já fica frágil a relação familiar”, frisa Ricardo.
Existem vários “gatilhos” que podem levar ao estresse especificamente, que mais à frente pode levar ao burnout. “Ele pode ser ‘gatilhado’ pelo ambiente de trabalho, como também por fatores como dívida financeira, problemas familiares. Pode ter a causa multilateral ou unilateral, se não a gente vai está associando sempre ao ambiente de trabalho, esse é um ponto importante”, explica o psicólogo Ricardo.
Quais ações se podem fazer com as pessoas com alterações de estresse?
“No campo individual, a recomendação é que procurem um psicólogo que tenha formação na área de estresse, que vai conseguir manejar melhor clinicamente esse paciente, e uma ajuda médica, de preferência um psiquiatra que também tenha essa experiência, para que auxilie o paciente a fazer a gestão do estresse e das suas emoções”, orienta o psicólogo Ricardo Cruz.
“Se perceber algum nível de estresse, não tá conseguindo manejar sozinho, procure o auxílio de um profissional de saúde mental que possa lhe auxiliar. Não deixe que essa curva do nível de estresse chegue a quase exaustão, ou exaustão”, disse Ricardo Cruz.
Matéria João Henrique Vieira
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