O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu posse, nesta quinta-feira (4), em Brasília, ao Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o popular Conselhão. O órgão foi criado na primeira gestão de Lula (2003-2007), mas foi extinto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O Conselhão serve para assessorar o presidente na elaboração de propostas para o desenvolvimento econômico, social e sustentável, e também é uma instância de diálogo com os diversos setores da sociedade. Seus membros representam movimentos sociais, sindicais e setores da economia, como o financeiro, o agronegócio, a indústria e o comércio entre outros.

O colegiado é presidido pelo próprio Lula e tem entre seus membros o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, e o presidente da CUT, Sérgio Nobre, integram do Conselhão, como representantes da classe trabalhadora.


Composição abrangente

Em seu discurso, Lula valorizou a diversidade dos 246 integrantes do Conselhão, uma composição que tem por objetivo espelhar a sociedade. Segundo o presidente, são pessoas que “pensam diferente ideologicamente, economicamente e sobre várias outras coisas, mas a riqueza da democracia é exatamente essa”.

Lula avaliou que o Brasil vem de “momentos de trevas” nos últimos anos. “Eu tenho 77 anos e nunca tinha vivido tanta esculhambação da democracia como aconteceu”. Para ele, “o Conselhão, repleto de diversidade e de diferenças, pode ser uma fotografia do Brasil que nós queremos construir”. Como ele disse, o órgão “é um espaço para ajudar a governar o país, o espaço para se dizer como as coisas devem ser feitas; não é um espaço de queixa ou reclamação, mas de produção”.

A primeira reunião do colegiado, para Lula, “ilustra o que há de mais importante, bonito e verdadeiro na política: a força do diálogo franco e construtivo”. O presidente observou que “estão reunidos representantes dos setores mais diversos da sociedade”. “Juntos, vocês formam o Brasil real, juntos, não somos apenas o retrato do Brasil que somos, mas também o retrato do Brasil que queremos ser”, concluiu.


Gênero e raça

A presidenta da Contraf-CUT, em seu discurso no evento, ressaltou a significativa presença de mulheres no órgão e a retomada do diálogo entre governo e sociedade. “A mulher é sub-representada nos poderes executivo, legislativo e judiciário, portanto essa presença aqui no Conselho é muito significativa”, afirmou.

Juvandia lembrou que o desemprego e o subemprego afetam mais as mulheres, como também as pessoas negras, para defender “a retomada do crescimento com o fim das desigualdades de gênero e de raça”. Para a dirigente sindical, “não podemos pensar no Brasil como uma nação com tantas desigualdades, como vivemos hoje”.


Volta do diálogo

Outro ponto enfatizado por Juvandia foi a importância do retorno do diálogo do governo com a sociedade. “Nós, dos movimentos sociais, não éramos recebidos aqui no Palácio do Planalto há sete anos. Por isso, a retomada do Conselho não é apenas a retomada do Conselho, mas do diálogo”, avaliou.

Juvandia lembrou a tradição da categoria bancária em negociações trabalhistas, uma experiência baseada no diálogo entre as partes envolvidas (trabalhadores e sistema financeiro), que deve ser vista como exemplo para o país. “É disso que o Brasil precisa, de diálogo, e diálogo que contemple todas as forças da sociedade”, completou.


#JurosBaixosJá

A manutenção pelo Banco Central (BC) da Selic, em 13,75%, foi criticada por Juvandia. “Repudiamos a decisão do BC de manter a taxa de juros elevadas, porque inibe o crédito, o investimento produtivo, o emprego e renda, e precisamos fortalecer exatamente o emprego e renda no Brasil”, disse.

Foto: Luiz Carlos Costa



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