Nos primeiros dez meses deste ano os bancos que operam no Brasil fecharam 6.319 postos de trabalho, de acordo com a Pesquisa de Emprego Bancário (PEB), divulgada nesta terça-feira (24) pela Contraf-CUT. O estudo é feito mensalmente, em parceria com o Dieese, e usa como base os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Os bancos múltiplos, com carteira comercial, categoria que engloba grandes instituições, como Itaú, Bradesco, Santander, HSBC e Banco do Brasil, foram os principais responsáveis pelo saldo negativo. Eles eliminaram 3.980 empregos. O número também foi impactado pelos planos de aposentadoria incentivada promovidos pela Caixa e BB. Somente na Caixa foram fechados 2.356 postos.
"Acabamos de fechar com os bancos uma dura negociação e um dos pontos que mais insistimos foi a necessidade de convencionar salvaguardas para proteger empregos. Claro que os bancos não aceitaram isso. Através da rotatividade continuam retirando do salário médio os impactos do aumento real. Isto significa que os bancos seguem demitindo altos salários e contratando bancários com salários mais baixos. Para piorar, estão demitindo mais do que contratando. Mostram o seu baixo compromisso com a realidade brasileira pois o setor que mais lucrou tinha, na verdade, que contratar mais.", afirma Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT.
Reduções por estados
No total, 23 estados registraram saldos negativos de emprego. As reduções mais expressivas ocorreram no Rio de Janeiro (-1126), São Paulo (-1088), Rio Grande do Sul (649) e Distrito Federal (-646). Já o Pará, foi o estado com maior saldo positivo, com geração de 132 novos postos de trabalho, seguido pelo Mato Grosso (74).
Rotatividade e salário
De acordo com o levantamento da Contraf-CUT/Dieese, além do corte de vagas, a rotatividade continuou alta. Os bancos contrataram 27.503 funcionários e desligaram 33.822 nos primeiros dez meses. A pesquisa também revela que o salário médio dos admitidos pelos bancos foi de R$ 3.507,23, contra R$ 6.246,41 dos desligados. Assim, os trabalhadores que entraram nos bancos receberam valor médio 56,1% menor que a remuneração dos dispensados.
Desigualdade entre homens e mulheres
A pesquisa mostra também que as mulheres, mesmo representando metade da categoria e tendo maior escolaridade, continuam discriminadas pelos bancos na remuneração. A média dos salários dos homens admitidos pelos bancos foi de R$ 3.855,43 entre janeiro e outubro. Já a remuneração das mulheres ficou em R$ 3.121,93, valor cerca de 23,5% inferior à remuneração de contratação dos homens.
A diferença de remuneração entre homens e mulheres é maior na demissão. As mulheres que tiveram o vínculo de emprego rompido nos bancos entre janeiro e outubro deste ano recebiam R$ 5.376,29, que representou 76,5% da remuneração média dos homens desligados dos bancos, de R$ 7.029,89.
Veja aqui a íntegra da pesquisa