Pressionada pelo Comando Nacional dos Bancários, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) apresentou nesta terça-feira (30), em São Paulo, algumas respostas às reivindicações da categoria, depois da oferta de reajuste de 6,5% nos salários, que não cobre nem a inflação, e abono de R$ 3 mil, propostos na segunda-feira (29). Não houve avanços e a Fenaban debateu poucos pontos da minuta. Diante do posicionamento dos banqueiros, o Comando Nacional orienta a rejeição da proposta e greve a partir do dia 6 de setembro.

Os representantes dos trabalhadores aprovaram um calendário de lutas, orientam as Federações e Sindicatos a convocar assembleias de avaliação da proposta nos dias 1 e 2 de setembro e, caso seja rejeitada, indicativo de greve a partir do dia 6 de setembro, com assembleia organizativa no dia 5.

Além de não garantir aumento real, a proposta da Fenaban reduz os salários em 2,80%, não garante empregos, não avança na saúde, nem das demandas de segurança e de igualdade de oportunidades. 

“A Fenaban quer impor o retrocesso com perdas nos salários. O reajuste proposto é muito ruim, não cobre nem a inflação. Em doze anos, conquistamos muitos avanços para categoria, com aumento real e não vamos retroceder. Os bancos estão jogando os bancários para a greve. Mais do que nunca, só a nossa luta irá garantir nossas conquistas. Estamos em um momento complicado, com ataque aos direitos dos trabalhadores, mas mobilização e unidade não faltarão à nossa categoria”, afirmou Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT e um dos coordenadores do Comando Nacional dos Bancários.

"Enquanto oferecem um reajuste abaixo da inflação para os trabalhadores, elevam mais de 70 pontos percentuais as taxas de juros dos clientes, com cheque especial a 318,4% ao ano, com alta de 71,5 pontos percentuais em 12 meses. Lucram R$ 30 bilhões no semestre e fecham 7.897 postos de trabalho somente de janeiro a julho deste ano. Haverá assembleia no dia 1º de setembro em todo o país e vamos indicar a rejeição da proposta", disse Juvandia Moreira, vice-presidenta da Contraf-CUT e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.

PLR

A Fenaban não aceitou fazer mudanças na formulação da Participação nos Lucros e Resultados, conforme reivindicação dos bancários, apenas concordou com a instalação de um Grupo de Trabalho bipartite para discutir o tema. Os bancos obtiveram grande crescimento nos últimos anos, mas a fórmula da distribuição dos lucros não acompanhou a mesma proporção.

O Bradesco, por exemplo, já chegou a distribuir 14% do lucro, em 1995, quando os bancários começaram a negociar a PLR na CCT. Hoje, em dia, distribui menos de 7%. No Itaú, o percentual de distribuição do lucro também já foi de 14%, e hoje está em menos de 6%. Isso ocorre, porque o lucro cresceu imensamente.

No primeiro semestre de 2016, o lucro dos cinco maiores bancos (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e Caixa) chegou a R$ 29,7 bilhões. 

“Queremos uma regra mais simples, que os bancários possam acompanhar com maior entendimento, além de mais justa e transparente. Afinal, são os bancários que produzem o lucro dos bancos”, explicou Roberto von der Osten.

Agência Digital

A Fenaban não concordou em debater o tema na mesa de negociação e ainda afirmou que a discussão sobre jornada e condições de trabalho, nas agências digitais, deve ser feita por cada banco.

Licença-paternidade

A licença-paternidade de 20 dias foi sancionada pela presidenta Dilma Rousseff no início do ano, mas os bancos não aceitam antecipar a sua aplicação. Querem colocá-la em prática, só a partir de janeiro de 2017, conforme legislação.

Saúde

Houve entendimento dos bancos em mudar o nome da cláusula 44ª de “Programa de Reabilitação Profissional” para “Programa de Retorno ao Trabalho”, conforme reivindicação dos bancários. Os representantes dos trabalhadores argumentam que o processo de reabilitação só cabe ao estado e não às empresas. Por outro lado, os bancos não concordaram em extinguir a junta médica, composta por um médico do banco e outro do sindicato, que avalia os funcionários no retorno ao trabalho, após a licença-saúde e tem gerado divergências de laudos.

Vale- Cultura

Mais uma vez, a Fenaban afirmou que não estenderá o prazo do vale-cultura e que cumprirá apenas o que estipula a lei.  O prazo do benefício expira em dezembro deste ano.

Auxílio-creche

O Comando Nacional voltou a argumentar que o valor atual do auxílio-creche, em poucos mais de trezentos reais, não cobre as despesas dos bancários no cuidado com os filhos. Mas, a Fenaban não se mostrou disposta em corrigir o valor para R$880, um salário mínimo, conforme reivindicação.

Segurança

Mais um não categórico dos bancos também foi a resposta para a extensão do atendimento médico e psicológico aos familiares dos bancários vítimas de sequestros e outros delitos, assim como o pagamento dos custos de remédios e das despesas de todos os tratamentos.

Mulheres

A igualdade de oportunidades é outro destaque na pauta de reivindicações. O Comando Nacional exige o fim das discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres. Só que mais uma vez os bancos colocaram nas costas das mulheres o peso da falta de ascensão profissional e não concordaram em ampliar a discussão, jogando o tema para a mesa temática, que se reúne no decorrer do ano.

Festival de nãos

Não houve avanços, ainda, nas reivindicações sobre parcelamento do pagamento de férias, auxílio-educação e extensão do vale-refeição no período de licença-maternidade. 

 



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