A categoria bancária assinou em 2016 um Acordo Coletivo de Trabalho válido por dois anos – até agosto de 2018 –, mas a atual conjuntura política e econômica do Brasil sob o governo ilegítimo e antipopular de Michel Temer traz à categoria a necessidade de traçar caminhos para as próximas Campanhas Nacionais da categoria. Esse foi o principal resultado da 19ª Conferência Nacional dos Bancários realizada entre os dias 28 e 30 de julho, em São Paulo, quando bancários e bancárias de todo o país estiveram reunidos debatendo temas fundamentais e ao final aprovaram o plano de lutas, estratégias e resistência para a Campanha Nacional de 2018.  

A Conferência contou com mais de 600 delegados e definiu ações em defesa do emprego e dos direitos, dos bancos públicos, da democracia, do movimento sindical e para as mesas temáticas de Saúde do Trabalhador, Igualdade de Oportunidades, Segurança Bancária e de Acompanhamento da Cláusula de Prevenção de Conflitos. O presidente do Sindicato dos Bancários do Piauí (SEEBF-PI), Arimatea Passos, comenta sobre o contexto da Conferência. “A Conferência foi feita após a aprovação da reforma trabalhista, fato que coloca todo mundo numa nova e cruel perspectiva. Feita num contexto em que temos um acordo assinado por dois anos. E quem é que vai romper primeiro esse acordo? Nossa intenção não é romper e acho que a Fenaban também não. Nosso acordo deve valer, dando garantia de aumento real, PLR, tudo garantido por um acordo válido por dois anos”, diz Arimatea.

A Campanha Nacional desse ano se dará numa contexto atípico, já que esse acordo é válido até o próximo ano, mas o contexto atual com a provação da terceirização e reforma trabalhista traz o grande desafio de lutar pela manutenção do acordo, garantir e defender outros pontos que não constam no acordo e que prejudicam a categoria. “Nossa expectativa é que esse ano a gente possa fazer uma campanha de garantia de emprego e ampliação de nossas cláusulas de saúde e segurança bancária. A campanha desse ano será voltada para a garantia do emprego, com foco na saúde e segurança bancária. A expectativa é buscar a garantia de emprego em meio a essa crise política e econômica”, analisa Arimatea.

O diretor do SEEBF-PI, Edvaldo Cunha, frisa que o Acordo foi uma vitória da categoria e avalia a particularidade do momento atual. “Nosso acordo foi feito para dois anos e fazer greve nesse momento não é bom porque romperia o acordo feito. Nós fomos felizes quando assinamos esse acordo por dois anos, pelo menos temos nossos direitos garantidos por mais um ano”, diz Edvaldo.

Defesa dos Bancos Públicos e unidade

Outro tema amplamente debatido na Conferência Nacional foi a defesa dos bancos públicos. “Os bancos públicos, assim, como todas as empresas públicas prestam um relevante serviço à sociedade. Temos uma frente parlamentar com deputados e senadores; e vamos chegar também nos Estados e municípios pedindo apoio para encampar essa luta em defesa das instituições públicas. Temos hoje um governo sem compromisso com essas empresas públicas e a sociedade é penalizada”, afirma Odaly Medeiros, vice-presidente do SEEBF-PI.

Odaly ressalta ainda que a Conferência apontou os caminhos para enfrentar as lutas que se apresentam pela frente. “Essa Conferência deixou um caminho a seguir e o caminho é reunir e agregar todas as forças políticas, movimento sindical, social, associação, enfim, de todos os setores organizados, no sentido de lutar para reverter essas políticas que trazem prejuízos para a sociedade”.

O diretor Gilberto Soares, bancário do Banco do Brasil, também comenta as dificuldades do momento e a necessidade de lutar para garantir o Acordo da categoria. “Deliberamos a manutenção desse acordo, prevendo os riscos de quebra de um acordo desses num momento difícil politicamente em que vive o país. Decidimos em Assembleia fazer uma luta conjunta com as outras classes trabalhistas e sindicais pela manutenção do emprego, contra essa antirreforma trabalhista e uma campanha contra a reforma previdenciária. No caso do Banco do Brasil, uma campanha a favor da Cassi, da Previ, de manutenção dos fundos de pensão e planos de saúde”, diz.

Como resultado da Conferência foi produzida uma minuta contendo 119 cláusulas, que será entregue à Fenaban no dia 8 de agosto. “Construímos um documento que será entregue aos representantes dos bancos, no qual fortalece o nosso Acordo Coletivo de Trabalho, que vale até 2018, mais alguns pontos que a gente possa negociar com os banqueiros, apresentar nossa pauta e abrir esse canal de negociação”, informa Odaly Medeiros.

Arimatea Passos informa ainda que a categoria pretende adiantar as atividades previstas até a data base da próxima negociação, quando se encerre esse acordo de dois anos. “Outra coisa que preocupa a gente é que essa reforma diz que ao final do acordo deixa de vigorar todas as cláusulas trabalhistas até então acordadas, por esse motivo estamos antecipando todos os congressos, conferências e encontros, para que até julho comecemos a negociar e em agosto, que é nossa data base, para que não acorra o risco da ultra atividade do acordo assinado no passado”, informa.



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