HIV não é sentença de morte. Esse é um dos ensinamentos que derruba o estigma que a Aids tem desde os anos 1980. O tema do orgulho LGBTQIA+ deste ano é HIV/Aids e colocou o debate na ordem do dia e foi esta semana pauta do ContrafCast, o podcast da Contraf, no encerramento do mês em que se comemora a luta mundial da comunidade. O jornalista André Accarini entrevistou Adilson Barros, diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramos Financeiro (Contraf-CUT) e militante do movimento. A conversa serviu para derrubar vários mitos e preconceitos sobre o HIV e a Aids.

 

O tema da Parada Gay deste ano foi HIV/Aids. A importância da questão foi discutida na conversa entre André e Adilson. “Foi importante a escolha do tema na 25º da parada do orgulho LGBTQIA+. É ainda um tema espinhoso entre nós. O debate não tem tanto alcance como deveria ter. Estamos falando de 40 anos ou mais de epidemia. De acordo com a UnAids, foram infectadas mais de 77 milhões de pessoas até 2020. As paradas do Orgulho são um símbolo de luta por direitos. Destacar esse tema foi uma quebra de tabu. As pessoas infectadas têm dificuldade de conversar sobre isso”, avalia o diretor da Contraf-CUT.

 

Acesso à informação

 

Para Adilson Barros, é preciso desconstruir a ideia que permanece até os dias de hoje, de que HIV significa uma sentença de morte. “A ciência tem avançado nessa questão. Mas está faltando mais aceso à informação. Os medicamentos são menos invasivos. Mas ainda tem aquela ideia construída nos anos 1980, quando começou a aparecer as infecções, as mortes, foi intitulada de ‘peste gay’. Por isso que a gente acaba sendo rotulado e estigmatizado. Já não é mais isso”, observou Adilson.

 

André Accarini ressalta que além da desconstrução dos mitos dos anos 1980, ainda é necessário a prevenção contra o vírus. “Hoje encontramos camisinhas em todo lugar. A campanha permite aceso aos preservativos. Mas falta uma campanha efetiva, para que as pessoas se cuidem, para impedir a proliferação do vírus” destacou o jornalista.

 

Direito à vida

 

Adilson destaca que o objetivo do debate sobre o tema HIV/Aids é o direito à vida e ao acesso ao tratamento no SUS. “A pandemia, com o Covid-19, deu uma travada no investimento no tratamento das pessoas com HIV/Aids. Está tendo um trabalho, há alguns anos, para encontrar uma vacina para impedir que o vírus do HIV se alastre. Espero que isso avance. O SUS tem essa importância e é por isso que defendemos o SUS”, ressaltou o diretor da Contra. Adilson afirmou também que ainda existem grupos vulneráveis ao vírus como os homens gays, bissexuais, profissionais do sexo e pessoas trans. Para o diretor da Contraf-CUT, ainda existe uma discriminação muito forte no mercado de trabalho para a comunidade LGBTQIA+. “Por isso, muita gente acaba indo para a prostituição”, destaca.

 

Informação é fundamental para enfrentar o vírus. André Accarini lembra as informações veiculadas pelo Doutor Maravilha, perfil de Vinicius Borges, médico infectologista com trabalho nas redes sociais voltado para a saúde da população LGBTQIA+. “Temos que respeitar as pessoas que vivem com HIV/Aids. Temos que lutar pelos direitos das pessoas que vivem com o vírus. A busca e a divulgação da informação podem ser feitas pelos ativistas da luta. O Doutor Maravilha está aí para isso, se tornou uma grande referência. Vamos amar mais e entender melhor sobre esse vírus que logo mais vai embora das nossas vidas” afirmou Adilson.

 

Para ouvir a íntegra do podcast sobre HIV/Aids, clique aqui.



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