“Se a gente quer um mundo melhor, o Fórum Social Mundial foi criado exatamente para isso, precisamos combater todos os tipos de desigualdades, e a desigualdades de gênero é umas das mais cruéis em todo o mundo”, afirmou Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), na abertura da oficina Basta! Não Irão nos Calar!, na manhã desta quarta-feira (4).

A segunda das três oficinas que a Contraf-CUT organizou para a programação geral do Fórum Social Mundial abordou a atuação dos sindicatos no combate à violência de gênero. “Não é só desigualdade de gênero, mas sim violência de gênero. A escolha deste tema para o fórum foi feita pelos próprios sindicatos de todo o Brasil, por notarem como este é um problema muito frequente nos ambientes de trabalho. Por isso, precisamos educar os trabalhadores, debater constantemente o assunto para todos conhecerem a importância dele”, completou Juvandia.

Para Fernanda Lopes, secretária da Mulher da Contraf-CUT, ficou evidente que a violência de gênero é algo que ocorre no mundo todo. “Só com organização social e sindical, como na Espanha e no Brasil, a gente ajuda a minimizar essa violência. Ajuda a dar um apoio, um acolhimento. Passando pela importância de governos democráticos que também apoiem o combate a essa violência, o que nunca ocorreu na Colômbia e não acontece atualmente no Brasil”, disse.

Desigualdade de gênero no mundo

A desigualdade de gênero não está só presente em todos os espaços, mas também em todo o mundo, como evidenciaram as duas palestrantes internacionais da oficina Maricarmen Donate, secretária Internacional da União Geral de Trabalhadores (UGT) da Espanha, e Sofia Trinidad Espinoza Ortiz, presidenta da União Nacional dos Empregados Bancários da Colômbia.

Ao relatar a situação da Espanha, onde em outubro de 2020 foram aprovados dois decretos que buscam regulamentar a igualdade salarial entre homens e mulheres, Maricarmen afirmou que a igualdade de gênero vai além do direito universal, é uma questão de justiça social, fundamental para o crescimento e estabilidade econômica de um país.

As normativas exigem que as empresas adaptassem seu registro salarial para corrigir as desigualdades e fizessem uma auditoria de remuneração. Com isso, o governo cobra que as empresas elaborem um plano de ação para corrigir as diferenças e preveni-las no futuro através de negociações coletivas.

“O movimento sindical foi fundamental na implementação do plano de igualdade, com a coleta de informações, e o plano também foi importante para o movimento sindical, já que todas empresas precisaram se adaptar e tiveram que procurar os sindicatos, mesmo as que sempre evitaram qualquer tipo de relacionamento com o movimento”, explicou. “Tudo isso só foi possível, porque nosso governo é um governo de esquerda, senão nada disso teria acontecido”, completou.

Sofia relatou que a Colômbia está muito atrasada em relação a Espanha. Entretanto, vive um momento de grande expectativa de mudança pela política. “Nós queremos, pela primeira vez na história do nosso país, ter um presidente progressista, um presidente que represente as classes menos favorecidas. Aqui sempre tivemos governo de direita ou de ultradireita”, disse.

Em março, os colombianos foram às urnas para eleger a nova composição do Congresso, o que mostrou um crescimento histórico da esquerda no país. Nas eleições presidenciais, que serão realizadas em 29 de maio, o líder do bloco de esquerda Pacto Histórico, o senador e ex-guerrilheiro Gustavo Petro, é o favorito. Sua candidata a vice-presidência é Francia Márquez, uma mulher negra e feminista que vem das lutas sociais.

“Hoje temos a maior representação de mulheres no Senado da história, pois metade das mulheres foram eleitas pela primeira vez. Isso já é um fato real. Agora, temos um programa construído pelas mulheres, escrito pelas mulheres, por isso nós queremos que Gustavo seja eleito, para termos um governo que respeite o direito das mulheres”, afirmou antes de convocar os trabalhadores de todo o mundo. “Para o mundo do trabalho, temos um programa muito audacioso para conseguir a igualdade entre os gêneros. Precisamos que todos os movimentos sindicais e sociais do mundo nos apoiem em busca de grandes proteções às mulheres”, completou a presidenta da União Nacional dos Empregados Bancários da Colômbia.

Para ela, a vitória nas urnas representa uma renovação da história colombiana. “Vamos mudar a Colômbia graças ao Brasil que mostrou, com o Lula, que é possível tirar um país da miséria e diminuir as desigualdades. Por isso, é importante que o Brasil reeleja Lula, para entrar novamente no rumo do desenvolvimento social e econômico.”



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