Definir estratégias de resistência foi o principal resultado da VI Conferência Regional da Federação dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Fetrafi-NE), realizada em Recife (PE), entre os dias 16 a 17 de julho, onde mais de 150 bancários de todo o nordeste se reuniram e debateram as demandas da categoria, dividas em três eixos principais – Emprego; Saúde do trabalhador, segurança bancária e condições de trabalho; Novas tecnologias e bancos digitais. O Piauí esteve presente com representativa delegação com 14 bancários que contribuíram para as discussões e propostas elaboradas e que serão levadas para a 19ª Conferência Nacional dos Bancários, que acontecerá em São Paulo, entre os dias 28 a 30 de julho.

O presidente do Sindicato dos Bancários do Piauí (SEEBF-PI), Arimatea Passos, lembra que os bancários têm uma Convenção Coletiva de Trabalho que vale até agosto de 2018 e desde sua aprovação aconteceram muitas mudanças prejudiciais ao trabalhador, fato discutido durante o evento. “A perspectiva dessa Conferência era achar instrumentos legais que garantissem que essa Convenção Coletiva, assinada por dois anos, tenha plenitude de valor. Outro ponto é criar propostas para que a gente possa tentar abrir um canal de negociação com a Fenaban e com os bancos públicos para ampliar a nossa Convenção Coletiva no sentido positivo para o trabalhador bancário”, afirmou Arimatea.

Como resultado foi produzido material constando as diversas propostas elaboradas nos grupos de trabalho, tais como a manutenção da representatividade sindical; aprovação de uma nota de repúdio à reforma trabalhista; início de campanha contra a venda de produtos nos caixas dos bancos; elaboração de um glossário com novos termos usados no mundo digital; retorno da campanha de defesa da ampliação de 2h no atendimento bancário (das 09h às 17h) com dois turnos de jornada de 6h.

Foi proposta ainda a realização de três seminários abordando os seguintes temas: Alertar os bancários sobre os impactos da reforma trabalhista para a categoria; Esclarecimento da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria, e Seminário específico para discussão sobre a imagem do movimento sindical e a interação do movimento com a categoria. A Diretora de comunicação do SEEBF-PI, Hortência Oliveira, reforça a necessidade de estar cada vez mais informada e atuante. “A Conferência me motivou e me deixou ainda mais consciente da realidade que vivemos. Temos que nos munir de formação e informação, porque o contexto está muito difícil, principalmente para o setor bancário. Contra isso precisamos nos unir cada vez mais, esclarecer a base e a sociedade como um todo. O momento é de união e conhecimento para agir com mais eficiência”.

 

Humanização do serviço bancário

Além do contexto de ataque aos direitos e garantias trabalhistas, as tecnologias, bancos digitais e outras plataformas tecnológicas estão afetando e modificando as relações de trabalho no setor bancário e o perfil do trabalhador, tema abordado no grupo de trabalho “As novas tecnologias, os bancos do futuro e os desafios do movimento sindical no Brasil”. O diretor Gilberto Soares ressalta que os bancos investem num atendimento digital excludente. “Pesquisas mostram que o Piauí é o estado com o menor atendimento bancário do país, em cobertura de agências, e também um dos que têm a menor proporção de pessoas que usam os canais digitais. A população carente do interior, que não tem acesso à tecnologia, vai ficar fora do sistema bancário? É uma pergunta que foi colocada na Conferência. São milhões de pessoas que vão ficar de fora desse atendimento digital”, afirma.

O diretor Gilberto afirma ainda que, em contrapartida, os trabalhadores defendem a humanização do serviço bancário e questionam as mudanças nas relações de trabalho e prestação de serviço. “Nós do movimento sindical estamos levantando a bandeira da humanização do atendimento. Será que eu, como cliente, quero estabelecer uma relação de vínculo e confiança com um funcionário ou quero ficar somente no atendimento digital? Será que eu quero ser atendido por uma plataforma digital do banco que está a quilômetros de distância de mim?”, questiona o diretor.

O presidente do SEEBF-PI, Arimate Passos lembra que durante a Conferência ficou definido também um grande movimento em defesa dos bancos públicos que estão sendo desestruturados com planos de demissões e fechamento de agências e momentos como esses, de discussão e formação, fortalecem a união e engajamento da categoria. O bancário Alexandre Costa, que participou da Conferência pela primeira vez, elogiou e agradeceu a oportunidade de formação. “O evento agregou muito conhecimento e abriu nossos olhos para o que está acontecendo no nosso país e principalmente nos bancos públicos e privados. Foi muito produtivo para incentivar a luta, porque a gente sabe que só a através da luta conseguiremos manter nossos empregos e tentar combater esse governo autoritário e impopular. Foi gratificando e agradeço a oportunidade de ter ido e sempre estarei disposto a ir novamente”, disse Alexandre.



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